Nem sempre as mídias nacional e internacional têm abordado as causas completas da animosidade entre a Rússia e a Ucrânia. Talvez isso ocorra por certa prudência dos jornalistas, por receio de, como se diz, falarem demais sobre poderosos de poderosos poderes e vierem a ter consequências desagradáveis e até mesmo graves. Um exemplo atual disso temos na mídia brasileira. Tem que se ter cuidado com as críticas aos poderes constituídos, pois as consequências podem ser um bode sem tamanho, já que os componentes dos poderes não são santos, e, às vezes, seu ego fala mais alto, podendo eles abusar do seu poder, o que não é surpreendente…
Pois bem, os poderes civis ou temporais, frequentemente, se misturavam com os poderes religiosos, gerando conflitos entre os dois, principalmente entre papas e reis. Um exemplo disso é o do papa Bonifácio VIII, que criou impostos para a Igreja, e o rei Felipe IV, O Belo, da França, foi contra e foi ameaçado de excomunhão pelo citado papa, o que acabou gerando o “Grande Cisma do Ocidente”, ou “Cisma dos Papas”, que consistiu na existência de três papas adversários entre si, no período de 1378 a 1417, e que só terminou com o Concílio de Constança, entre 1414 e 1418, sendo nomeado papa o napolitano Bartolommeo Prignano, arcebispo de Bari, que se tornou o papa Urbano VI.
Indo para o passado, temos, em 1054, o “Cisma do Oriente”, com a separação da Igreja Católica Ortodoxa deste Império Oriental da Igreja Católica Apostólica Romana, separação que foi decretada pelo arcebispo Miguel Cerulário, de Constantinopla (antiga Bizâncio e hoje Istambul, na Turquia). E isso aconteceu também por causa de divergências políticas e religiosas entre os dois impérios.
Rússia e Ucrânia são adeptas da Igreja Cristã Ortodoxa presente nesses dois países. Mas sempre houve divergências entre os líderes religiosos dessas nações. E, ultimamente, essas divergências têm-se agravado, depois da eleição do líder metropolita de toda a Ucrânia, Epifanyj, no sínodo realizado na Catedral de Santa Sofia, em Kiev, com a presença do ex-presidente da Ucrânia Petro Poroshenko. Essa eleição deve estar influindo na ameaça de guerra entre os dois países. Inclusive, o presidente Vladimir Putin é adepto da Igreja Cristã Ortodoxa Russa. É dele a declaração: “O cristianismo é a raiz da identidade russa”.
Como se vê, a ameaça de guerra é entre cristãos confessos, o que é muito estranho. E ele, recentemente, declarou que o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi uma tragédia para a Rússia. Putin, não é santo, como geralmente ninguém ainda é, então ele deve estar com seu ego a mil. Mas, exatamente por serem cristãos, russos e ucranianos ainda podem encontrar a paz…