O livro e o filme: o “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, são de ficção, sim, mas deram origem a discussões das mais virulentas em todos os tempos entre os cristãos. E é disso que trata esta matéria. A Editora Escala lançou a revista “Documento Especial – O Código Da Vinci”.
O autor dessa matéria orienta-se visivelmente pela teologia ortodoxa católico-protestante, o qual, corrigindo Dan Brown, afirma que o Concílio Ecumênico de Nicéia (325) serviu para reafirmar e não para reconhecer a divindade de Cristo, outro modo de dizer que ela já existia antes da realização do concílio.
Mas essa doutrina de que Jesus é também Deus não era e não é aceita por muitos cristãos seguidores da Teologia Ariana, cujo número, já grande naquela época, cresce muito, atualmente, entre os teólogos cristãos de todo o mundo, já que ela tem o respaldo bíblico: “O Pai é maior do que eu” (João 14,28) e “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Timóteo 2,5).
Ainda segundo o autor, a votação do concílio foi de uma ampla maioria de bispos favoráveis à confirmação de que Jesus era outro Deus. Mas esse autor não se refere ao apoio decisivo do pagão e politeísta imperador Constantino à votação dos bispos na divindade de Jesus.
E ai dos bispos que assumissem uma posição contrária à de Constantino, que, inclusive, se proclamou ele próprio “Bispo Universal” da Igreja, ou seja, uma espécie de papa civil e pagão! Ademais, as igrejas cristãs Greco-Russa e Armênia, que mais tarde deram origem à Igreja Oriental Ortodoxa, até o canonizaram santo! E pergunto a você, leitor, se não fosse a influência de Constantino sobre os bispos, o qual convocou e presidiu esse concílio, a Teologia Ariana seria derrotada?
E sobre o casamento de Jesus com Maria Madalena no Evangelho Apócrifo do apóstolo Felipe, os Evangelhos da Bíblia (formada por são Jerônimo) não o afirmam, é verdade, mas também não o negam! O “O Código Da Vinci” traz à baila essas questões teológicas não resolvidas ou mal resolvidas do antigo cristianismo.
E a discussão disso, hoje, é preocupante para os teólogos ortodoxos, pois os cristãos não são mais obrigados a acatarem pela força o que eles determinam. E é isso que está por trás do grito desesperado desses teólogos contra o “O Código Da Vinci”, em que a ficção se torna também um realismo!