Primeiramente é preciso definir o que de fato os hebreus foram influenciados para se chegar à crença em satanás. Sabemos que satanás é mencionado 15 vezes no velho testamento e 98 vezes no novo testamento. Sabemos ainda que Eva foi tentada pela serpente, mas que ela não representava a figura de satanás, assim como definimos no nosso texto em parceria com Paulo Neto, “A serpente é satanás?”, mas vamos recorrer o que lá expusemos, na obra A Gênese.
A palavra nâhâsch existia antes na língua egípcia, com o significado de negro, provavelmente porque os negros tinham o dom do encantamento e da adivinhação. Foi talvez por isso também que as esfinges, de origem assíria, eram representadas com a figura de um negro.
Não foi senão na versão dos Setenta – que, segundo Hutcheson, corromperam o texto hebreu em muitos lugares, – escrita em grego no segundo século antes da era cristã, que a palavra nâhâsch foi traduzida para serpente. As inexatidões dessa versão, sem dúvida, prendem-se às modificações que a língua hebraica sofrera no intervalo; porque o hebreu do tempo de Moisés era então uma língua morta, que diferia do hebreu vulgar, tanto quanto o grego antigo e o árabe literário diferem do grego e do árabe modernos. (KARDEC,1993, p. 219) (grifo nosso).