Qualquer religião tem geralmente religiosos e religionários. Religiosos são aqueles que são inclinados para as coisas espirituais, isto é, místicos que colocam Deus, amor e humildade em tudo que fazem na sua vida. Já os religionários são sectários da sua religião, estão sempre fazendo proselitismo dela, a qual eles consideram a única certa e salvadora. Para eles, as pessoas de outras religiões já estão no inferno.
E, com seu falso cristianismo sem amor, eles não estão nem aí com a danação de seus semelhantes, mesmo que os coitados dos condenados sejam seus próprios pais, filhos e irmãos consangüíneos! E como há religiosos santos, que até irradiam energias positivas, há também os religionários fanáticos e intolerantes que incomodam Deus e todo mundo, pois se acham os donos da verdade.
Eles ignoram a advertência paulina de que devemos ser humildes e considerar os outros ao invés de procurarem religar-se a Deus pelo amor, fraternidade, justiça e humildade, como o faz o verdadeiro religioso, eles se afastam mais ainda de Deus e das pessoas, pois são orgulhosos, exaltam-se, humilham e ofendem todos que não são seguidores de sua cartilha religiosa, e até os próprios adeptos de sua religião que não o são à moda fundamentalista deles, ou seja, com sectarismo e fanatismo.
O religionário não tem muito interesse em conhecer a verdade que liberta. O negócio dele é servir ao seu sistema religioso, como se ele fosse um líder desse sistema e do qual vivesse. Ele é, pois, um inocente útil, que se prende mais às exterioridades (rituais) da sua religião do que à sua verdadeira conversão, que são a sua reforma íntima e a renúncia de si mesmo, como ensinou o Mestre: “Se alguém quiser vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome sua cruz (carma) e siga-me” (Lucas 9,23). E assim é que o religioso é sempre de paz e reconciliação, enquanto que o religionário é sempre de desarmonia e dissensão!