Os teólogos do cristianismo primitivo criaram algumas doutrinas teológicas polêmicas. Mas isso é compreensível, pois a humanidade ainda estava muito atrasada em sua evolução científica, cultural, filosófica e teológica.
Respeitemo-las, pois elas têm seus valores, já que uma crença milenar de milhões de pessoas cria uma egrégora de energia positiva e que torna, de algum modo, sagrada qualquer fé. Daí ter dito o Nazareno: Seja-te dado conforme tu creste.
As traduções da Bíblia para o português, desde mais ou menos 1950, com o pretexto do uso de uma linguagem de hoje, têm sido modificadas em alguns de seus textos para fazê-los ficarem de acordo com os dogmas e contra o espiritismo e a reencarnação. E observe-se que a Bíblia de Jerusalém segue essas traduções novas, o que não é surpreendente, pois essa tradução foi de padres, pastores e rabinos, que, em sua maioria, em público, se comportam como contrários ao espiritismo e à palingenesia, embora, reservadamente, muitos os aceitem.
Seguindo mais as traduções antigas, dizemos com São Paulo que a ressurreição é do espírito: “Semeia-se corpo animal, ressuscita corpo espiritual” (1 Coríntios15: 44). Ainda ele ensina: “Sangue e carne não podem herdar o Reino dos Céus” (1 Coríntios 15: 44).
E São Pedro diz também sobre do excelso Mestre: “Morto. sim, na carne, mas ressuscitado em espírito” (1 Pedro 3: 18).
O Credo Niceno-Constantinopolitano diz diferentemente da Bíblia que a ressurreição é da carne. Mas nas missas de algumas dioceses, em vez de constar dele “creio na ressurreição da carne”, é dito: “creio na ressurreição dos mortos”, não dizendo o que ressuscita, o que já é um grande avanço para se chegar à ressurreição ensinada pela Bíblia.
Algumas partes dela ensinam claramente a reencarnação com os sinônimos de palingenesia e ressurreição do espírito. Os espíritas e várias outras correntes religiosas divulgam isso à saciedade. Inclusive, muitos judeus contemporâneos de Jesus entendiam a ressurreição como sendo a reencarnação como o Herodes daquele tempo.
E vimos que São Paulo ensinou que a ressurreição é do espírito. Mas, em outra parte, ele mistura ressurreição com reencarnação, pois, afirma corretamente, como vimos, que nos Céus não há lugar para carne e sangue (1 Coríntios 15: 50), ou seja, a matéria. Mas ensina em 1 Coríntios 15: 39 que a carne humana é uma, e outras carnes as de peixes, aves e animais, condenando, pois, a metempsicose (reencarnações de espíritos humanos com corpos ou carnes de outras espécies). Ora, esse ressurgimento do espírito em carne humana aceito por Paulo é reencarnação ou ressurreição do espírito “na carne”, e não “da carne”!