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Por Gil Restani de Andrade

Os espíritas brasileiros ufanamo-nos de poder contar com obras literário-mediúnicas de inestimável valor, sendo de citar-se, primeiramente, como é óbvio, a do médium Chico Xavier, que ultrapassaram a expressiva marca dos 400 títulos. Destacam-se, ainda, as do tribuno Divaldo Pereira Franco, de Yvonne do Amaral Pereira, de J. Raul Teixeira, de João Nunes Maia e de Zilda Gama, entre outros.

Chico Xavier faleceu aos 92 anos de idade, tendo inteirados nada menos que 75 anos de dedicação irrestrita à Causa Espírita.

É o mais conhecido dos autores brasileiros no exterior, segundo um diplomata estrangeiro, que adicionou: “Equivale a uns vinte Jorge Amado”, o famoso romancista baiano. (Coluna do jornalista Zózimo, no “Jornal do Brasil” – Rio).

Assim, Chico Xavier constituiu-se, inequivocamente, no maior dos escritores brasileiros vivos, conquanto nenhum dos escritos consignados como de sua autoria seja, efetivamente seu, como, de resto, o próprio não se cansou de afirmar.

Em alguns jornais de circulação diária existem os “Cadernos Literários”, onde são comentados e analisados: obras, autores, gêneros, estilos, formas, etc., bem como levantamentos estatísticos dos livros mais vendidos, em períodos determinados: na semana, na quinzena, no mês, etc.

Num desses cadernos, integrante de jornal de ampla circulação nacional, há algum tempo, alguém fez menção ao crescimento, à importância e aos recursos financeiros envolvidos no que cognominou de “Sub-Leitura”. Para nosso espanto, a tal “Sub-Leitura” do cronista nada mais era do que a bibliografia espírita, colocada ao lado da esotérica, ocultista, teosófica ou que, de alguma forma, aborde a possibilidade de vida após a morte ou da interveniência de seres de outras dimensões – outros Planos – na vida humana.

É de ressaltar-se que as obras “New Age” de Shirley MacLaine, as de Marion Bradley, Paulo Coelho, José Benitez ou Taylor Caldwell, muito embora, em seu conteúdo, abordem explicitamente a temática atrás mencionada, não são consideradas integrantes da sub-leitura. Em sua ficha catalográfica lê-se:”Realismo Fantástico”. Como tais obras figuram ou figuraram no “placar das mais vendidas”, não cabem, evidentemente, na classificação de sub-leitura, mesmo porque uma tal categorização poderia desagradar a poderosos livreiros e a grandes interesses.

Valendo-nos do jargão empregado pelo analista do tal caderno literário, diríamos que tais livros poderiam, muito bem, ser enquadrados como “PARALEITURA“.

Certas considerações foram tecidas, pelo cronista, através do jornal, quanto à “subleitura”. Tão equivocadas foram, contudo, no que tange aos livros espíritas, que sentimo-nos impelidos, de modo incoercível a fazer certas corrigendas e prestar certas informações para o neologista:

1. Desconhecemos haja, em língua portuguesa, obra romanceada com edição superior à do livro “Nosso Lar”, do Espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Já foram extraídas mais de 70 edições da obra, tendo sido impressos, desde seu lançamento, ocorrido em 1944, mais de 1.500.000 exemplares;

2. Fazendo-se uma projeção de dados estatísticos da Federação Espírita Brasileira, somente a chamada “Série André Luiz”, composta de dezesseis volumes, achar-se-á bem próxima da marca de 10 milhões de livros publicados, em futuro muito próximo;

3. Levando-se em consideração levantamentos procedidos pelo Departamento Editorial da FEB – Federação Espírita Brasileira, os livros publicados pela Instituição, procedentes da psicografia de Francisco Cândido Xavier, suplantarão, muito breve, os 20 milhões de exemplares;

Há de reconhecer-se serem números expressivos, para uma simples parcela da “Sub Leitura Espírita”, que já superou, em muito, a marca dos 3.000 títulos em circulação, no mercado livreiro nacional.

Mais: Em esmagadora maioria, os direitos autorais dessas obras são totalmente doados a Entidades e Instituições espíritas de beneficência ou de assistência social, não gerando qualquer renda ou capital para seus autores.

O Espiritismo prima por propagar seus postulados através das letras, daí existirem, seguramente, mais de trinta editoras exclusivamente dedicadas ao livro espírita, sendo de mencionar-se, ainda, os quase trezentos jornais, revistas, boletins e informativos, de tiragens variadas, desde os 500 exemplares trimestrais até os 25.000 mensais, todos abordando a literatura espírita, de uma ou de outra maneira.

Boa parte dessas publicações é distribuída de forma gratuita, conquanto elaborada com dificuldade e com sacrifícios pessoais, sempre, porém, contando com a dedicação e o amor de seus empreendedores.

Toda essa Literatura e não “Sub-Leitura”, como jocosamente a capitulou o nobre articulista, por surpreendente que possa parecer, aborda, exclusivamente, temas que exaltam os bons costumes, a elevação de valores morais, a filantropia, a benemerência, a caridade material e espiritual e o sacrifício em favor do bem coletivo.

Inexistem, nela, os enredos maliciosos, de estímulo à violência ou de exploração da sensualidade, ou ainda os que tendam à falaciosa tese de que: “A vida é para ser aproveitada, na busca do gozo e do prazer”; que, para tanto, “é preciso ser-se esperto e levar vantagem em tudo”, suplantando, dolosa ou dolorosamente, a multidão ignara, e, quase invariavelmente, estulta ou ignóbil.

Aí está o motivo da grandiosidade da literatura espírita, que tanta surpresa causou ao analista do caderno literário, levando-o à “blague” infortunada. Por isso o constante evolver dessa literatura, conquanto os desentendidos. Diante, pois, do desgracioso neologismo “Sub-Leitura” e em face das considerações aqui formuladas, entendemos que sua concepção somente pode ter tido origem no cérebro de um “Sub-Crítico”.

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Colaborador GAE
Colaboradores e parceiros do GAE. Nossos colunistas têm compromisso com a verdade e procuram sempre embasar e comprovar seus argumentos.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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