Tirada do Cristianismo, a reencarnação foi deixada na Bíblia

Foi no Concílio Ecumênico de Constantinopla (553) que a reencarnação foi retirada do cristianismo pelo imperador Justiniano e sua esposa Teodora. Essa história da influência de Justiniano e Teodora no citado concílio, de um modo geral, não é abordada pelos historiadores, certamente, para evitarem conflitos com a Igreja, pois isso é desagradável para ela.

E na verdade, o que foi condenado nesse concílio não foi bem a reencarnação, mas a doutrina da preexistência do espírito, ou seja, a existência do espírito antes da concepção do corpo no útero materno, o que é contra a Bíblia. “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses do ventre da madre, te consagrei e te constituí profeta das nações.” (Jeremias 1: 5). Está provada, pois, pela Bíblia, essa doutrina da preexistência do espírito antes da concepção do corpo. Ora, se o espírito existe antes do corpo ser criado, ele já pode ter vivido encarnado em outro corpo aqui na Terra ou em outro mundo. “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (João 14: 2). A casa do Pai é o Universo. O próprio Homem Jesus deixou também isso bem claro. “Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou.” (João 8: 58).

Talvez tenha havido uma distração dos bispos desse concílio ou condenaram erradamente muito conscientemente essa doutrina da preexistência, pois sem ela, não poderia existir a reencarnação!

Não foi o Papa Virgílio dessa época que convocou o citado concílio, mas o próprio imperador Justiniano. Aliás, os primeiros concílios da Igreja eram sempre convocados pelos imperadores romanos.

Geração e nascimento (“genesis” em grego) na Bíblia não são apenas materiais, consanguíneos, mas também do espírito, pois pode ser nova geração, novo nascimento ou nova reencarnação do espírito. Daí a palavra palingenesia (“palingenesias” em grego). “Palim” em grego significa novo. Logo, “palingenesias” em grego quer dizer nova geração ou novo nascimento do espírito em outro corpo. Esse é o significado literal e verdadeiro de “palingenesias” em grego, palingenesia ou reencarnação em português. (Tito 3: 5; e Mateus 19: 28). As traduções de “palingenesias” nas duas referências mencionadas por “regeneração” estão, pois, erradas e com o objetivo escandaloso de esconder a reencarnação ou nova geração do espírito.

Outro exemplo bíblico de que “palingenesias” em grego dignifica mesmo geração ou novo nascimento do espírito está em Jó. “Pois, eu te peço, pergunta agora a gerações passadas, e atenta para as experiências de seus pais; porque nós somos de ontem e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra. Porventura não te ensinarão os pais, não haverão de falar-te, e do próprio entendimento não proferirão estas palavras: Pode o papiro crescer sem lodo? Ou viça o junco sem água? ” (Jó 8: 9, 10 e 11). Nesses textos, fica evidente também a consulta às gerações passadas, consulta essa que só poderia ser aos espíritos dos antepassados, pois as pessoas não tinham escritos dos seus antepassados, já que quase ninguém sabia ler e escrever naquele tempo. E, porventura, se poderia consultar os seus cadáveres enterrados nos cemitérios?

Mas mesmo quem quiser insistir no erro de traduzir “palingenesias” por regeneração, não se esqueça de que ela será
no final dos tempos, ou depois de muitas reencarnações ou gerações dos espíritos!

PS: “Presença Espírita na Bíblia” com este colunista, na TV Mundo Maior, por parabólica e internet.

Picture of José R. Chaves
José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.