Todos somos deuses ou Espíritos encarnados e desencarnados

Desde que o mundo existe, existe também a comunicação com os espíritos humanos. Nenhum povo dos cinco continentes deixou de ter seus xamãs, médiuns, pajés, arautos, profetas, bruxas, pitonisas, kuten (médium ou xamã budista tibetano) e sacerdotes. O xamanismo chega a ser chamado de a mais antiga religião da Ásia. (Mais detalhes sobre esse assunto em “Vozes do Mundo Espiritual – A História Secreta do Contato com Espíritos Através dos Tempos” –, lançado no Brasil pela Ed. Pensamento, SP, 2016, do irlandês J. H. Brennan, especialista em pesquisas
psíquicas, plano astral, sonhos, reencarnação e física subnuclear, e Mestre em Esoterismo Ocidental pela Universidade de Exeter, Inglaterra).

Além de erros e superstições nessa área, deve-se destacar a confusão que fizeram entre Deus e os espíritos humanos denominados também de deuses. Daí a advertência de João: “Caríssimos, não deis crédito a qualquer espírito, mas examinai os espíritos, para ver se são de Deus (do bem), pois muitos profetas da mentira espalharam-se pelo mundo.” (1 João 4: 1). “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus…” (1 João 4:2). Havia muitos cristãos docetistas na época apostólica que achavam que Jesus Cristo tinha um corpo carnal só aparentemente, o que é um grande erro. Com o monoteísmo, a confusão de espíritos com Deus diminuiu. Mas era e é ainda necessário o exame dos espíritos recomendado por João, pois os maus ou atrasados podem nos enganar comportando-se como verdadeiros profetas, quando podem ser falsos. Porém, examinar espíritos é entrar em contato com eles, o que é praticar o espiritismo! Aliás, quem examina mesmo os espíritos são os espíritas!

Todos nós somos deuses, mas relativos. “Vós sois deuses” (Salmo 82: 6; e João 10: 34). E Deus mesmo absoluto e verdadeiro é um só, ou seja, aquele que é o Deus Pai, Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, único Ser Incontingente de são Tomás de Aquino, para quem os demais seres são todos contingentes. E a Doutrina Espírita tem essa mesma teologia, pois ela ensina que Deus é a Inteligência Suprema e a causa primeira de todas as coisas.

Mas voltemos à grande verdade bíblica de nosso contato com os espíritos. Jesus até disse: “Contudo, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque os seus nomes estão escritos nos céus.” (Lucas 10: 20). Para Jesus, pois, nosso contato com os espíritos é uma verdade inquestionável. E junte-se a isso o fato de que os apóstolos e os primeiros santos cristãos terem-se encontrado com espíritos. Exemplos são a Anunciação do Anjo Gabriel a Maria; a voz no batismo de Jesus; e o fenômeno da manifestação do próprio Espírito desencarnado de Jesus na estrada para Damasco. Lembremo-nos também da Transfiguração, a qual foi uma verdadeira sessão espírita
presidida por Jesus e assistida pelos três médiuns especiais Pedro, João e Tiago, sempre presentes nos feitos mais importantes de Jesus. Nela, os espíritos manifestantes foram Moisés e Elias que, já havia muitos séculos, tinham vivido aqui na Terra.

O mesmo erro antigo que, ainda hoje, se repete muito: as pessoas confundem os espíritos e deuses que somos nós com o Espírito do próprio Deus! Mas o pior é elas acharem que Deus só permite que os espíritos maus se comuniquem conosco, como se Ele próprio estivesse tramando com eles contra nós!

 

José Reis Chaves
Junho/2016

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.