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Uma doutrina católica dogmática e espírita

Existe contato entre os espíritos desencarnados e os encarnados. E isso está mais do que provado pela ciência espiritualista e pela Bíblia.

Todo espírito comunicante, por mais perverso que seja, é um espírito humano que, com sua inteligência e seu livre-arbítrio, tornou-se mau por ele mesmo. Mas, e os demônios? Antes, eles eram espíritos humanos simples e ignorantes, ou seja, imperfeitos, como todos nós o somos, e que, por serem imperfeitos, tornaram-se maus e ficaram conhecidos, bíblica e teologicamente, por demônios, pois essa palavra, em grego, “daimon” (plural “daimones”), são as almas ou espíritos dos mortos. Mas um erro grave é que todos os demônios passaram a ser considerados espíritos somente maus e de outra categoria não humana…

Este é um dos mais graves erros do cristianismo que o espiritismo e outros segmentos religiosos nos demonstram. E eis outras palavras da mesma raiz de “daimon” que nos mostram também que os demônios somos nós mesmos, espíritos humanos: demografia, demográfico, democracia e a própria palavra “demo” que significa também “demônio”. Outra palavra que significa também “daimon” em grego é “pneuma” e que são Jerônimo traduziu para a sua Vulgata Latina por “spiritus” (espírito ou alma) “bonus” ou “maleficus”. E, quando foi instituído pelos teólogos o Espírito Santo Trinitário, surgiu uma grande confusão entre ele e os espíritos humanos, confusão que ainda não foi resolvida até hoje e que já foi objeto de várias matérias desta coluna.

Mas vamos à doutrina católica dogmática espírita chamada “comunhão” (intercomunhão) dos santos e criada bem no alvorecer do cristianismo. Segundo ela, há três igrejas: a triunfante, já vencedora, é a dos céus, cujos espíritos podem nos ajudar; a militante, a terrena; e a padecente, ou do purgatório (mas não se sabe onde ele é), a qual podemos ajudar com preces e missas. E essa doutrina católica dogmática de relacionamento ou de ajuda recíproca entre os espíritos desencarnados e encarnados é realmente espírita. Ela virou dogma porque houve resistência a ela pelos cristãos seguidores de Moisés, que, em Deuteronômio, capítulo 18, proíbe o contato com os espíritos dos mortos. E ele proibiu esse contato por causa da ignorância do povo sobre a mediunidade, sem a qual não é possível tal contato. Por causa dessa proibição de Moisés, até hoje muitos ainda condenam o espiritismo, o qual, como Moisés, condena-o também, sem o necessário conhecimento do espiritismo.

E se Moisés proibiu o contato com os espíritos é porque ele existe mesmo, pois ele não iria proibir uma coisa que não existe, como nos demonstra também essa verdade a comunhão dos santos…

Artigo publicado no jornal O Tempo em 31/01/2022
PS: Com este colunista: “Presença Espírita na Bíblia”, na TV Mundo Maior, e a 2ª edição revisada e ampliada nos comentários da tradução do Novo Testamento completo, Ed. Chico Xavier, (31) 3635-2585, Cássia e Cleia. contato@editorachicoxavier.com.br
Para quem quiser acompanhar a discussão da coluna no jornal O Tempo. (CLIQUE AQUI)

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.