É muito natural que as pessoas possuam diferentes maneiras de pensar, algo que ocorre, entre outras fatores, devido ao fato de cada um estar num patamar diferente de compreensão sobre determinada questão ou assunto.
No entanto, quando um ou mais indivíduos que dizem pertencer a uma determinada religião, ou que dizem apoiar certo conjunto de ideias de cunho filosófico (como a Doutrina Espírita, por exemplo), passam a discordar de alguns de seus princípios ou ensinos, forma-se aquilo que se convencionou chamar de “cisma“. O cisma caracteriza-se por uma dissidência (ou cisão), em que geralmente seus partidários mantêm certos princípios originais e passam, concomitantemente, a adotar outros que lhes pareçam melhores ou mais convenientes. De maneira geral, passam a isolar-se do movimento originário, adotando práticas e divulgando conceitos próprios.
Allan Kardec, o sistematizador da Doutrina Espírita, deixou comentários importantes e esclarecedores acerca dos cismas que já surgiam e viriam a surgir no movimento espírita, tendo deixado evidenciado sua preocupação perante os mesmos. Leiamos:
“Uma questão que se apresenta em primeiro lugar no pensamento é a dos Cismas que poderão nascer no seio da Doutrina; o Espiritismo deles será preservado?
Não, seguramente, porque terá, no começo sobretudo, que lutar contra as ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, lentas em se harmonizarem com as ideias de outrem, e contra a ambição daqueles que querem ligar, mesmo assim, o seu nome a uma inovação qualquer; que criam novidades unicamente para poderem dizer que não pensam e não fazem como os outros; ou porque o seu amor-próprio sofre por não ocupar senão uma posição secundária.” (em Constituição do Espiritismo – Dos Cismas, Obras Póstumas)(grifos nossos)
Setembro/2021