O pesquisador Paulo Neto realizou a comparação entre três obras com as supostas reencarnações de Chico Xavier e o resultado é surpreendente:
20/10/2020
A bem da verdade no título não deveria constar a expressão “na visão espírita”, pois não temos nenhuma procuração para falar em nome da Doutrina Espírita. Foi colocada apenas para despertar o interesse do público em ler esse artigo. Em razão disso, pedimos a você, caro leitor, que a entenda como “na visão de um espírita”, trata-se, portanto, da opinião pessoal de um adepto do Espiritismo.
Ainda nos dias de hoje este tema gera muita polêmica em nosso meio, surgindo naturais divergências de opiniões, quando esse assunto entra na pauta das discussões de nós, os espíritas. Intransigência, intolerância e falta de compreensão é o que se vê quase como regra geral, pois a maioria de nós ainda não conseguiu vislumbrar que existe o outro lado da moeda.
Entendemos que falta a muitos de nós a capacidade de ver essas pessoas como irmãos em doloroso estágio evolutivo. Não percebemos que o sofrimento deles, quando há, é tanto que, em alguns casos, tiram-lhes a vontade de viver. Quantos, propositadamente, não abandonaram a vestimenta carnal, como fuga ao insuportável preconceito de que sofrem? E os que se isolam, entre as quatro paredes do seu lar, para evitar o contato com a sociedade que os repelem como se estivesse diante de uma doença altamente contagiosa da qual devem fugir para bem longe.
A questão da pluralidade das existências há desde longo tempo preocupado os filósofos e mais de um reconheceu na anterioridade da alma a única solução possível para os mais importantes problemas da psicologia. Sem esse princípio, eles se encontraram detidos a cada passo, encurralados num beco sem saída, donde somente puderam escapar com o auxílio da pluralidade das existências.
A maior objeção que podem fazer a essa teoria é a da ausência de lembranças das existências anteriores. Com efeito, uma sucessão de existências inconscientes umas das outras; deixar um corpo para tomar outro sem a memória do passado equivaleria ao nada, visto que seria o nada quanto ao pensamento; seria uma multiplicidade de novos pontos de partida, sem ligação entre si; seria a ruptura incessante de todas as afeições que fazem o encanto da vida presente, a mais doce e consoladora esperança do futuro; seria, afinal, a negação de toda a responsabilidade moral.
Allan Kardec é o filósofo que melhor definiu Alma e Espírito
Kardec é o filósofo que nos dá melhor definição de alma e espírito.
A alma, essência imaterial da vida humana, é em hebraico “nefesh”, em grego “psykhé”, em aramaico “naphsha” (vida, si mesmo e Cristo Interno) e, em latim, “anima” (vida, alento, ar).
Mas “psykhé”, na filosofia grega, significa também borboleta, que simboliza a alma que, de lagarta passa a crisálida no casulo donde sai como borboleta, semelhante, pois, à alma em suas vindas à vida terrena. “Ruach” em hebraico, “pneúma” em grego e “spiritus” em latim significam espírito, vento, ar, alento, fôlego, sopro divino, respiração.
Observe-se que alma e espírito são geralmente sinônimos que dão origem etimológica ou não a outras palavras relacionadas com eles. Exemplos: de “anima” vem animismo; e de “pneúma” derivam-se pneu (com ar), pneumatologista (médico especialista de pulmões) e os fenômenos pneumáticos (com espíritos) ou mediúnicos. E vamos à Bíblia: “O Senhor Deus modelou o homem com o pó apanhado do solo. Ele insuflou nas suas narinas o hálito da vida, e o homem se tornou um ser vivo.” (Gênesis 2: 7); “Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó…” (Salmo 146: 4); “Lembra-te de que minha vida é um sopro…” (Jó 7: 7); “Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração (alma) morrem, e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e assim renovas a face da terra.” (Salmo 104: 29 e 30); “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele. O Senhor atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.” (1 Reis 17: 21 e 22); e “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.” (Mateus 22: 37).
Há passagens bíblicas em que espírito e alma têm sentidos diferentes um do outro: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vida de nosso Senhor Jesus Cristo”. (1 Tessalonicenses 5: 23). Mas cremos que são Paulo usou a palavra alma neste texto citado como sinônima de vida, pois esse é um dos significados de “anima” em latim.
Vimos que nas passagens bíblicas, de um modo geral, temos espírito e alma com o mesmo sentido. E atentemos para o fato de que as palavras mudam de sentido com o decorrer dos tempos. E essas alterações linguísticas eram muito mais frequentes no passado, quando as palavras existiam praticamente apenas oralmente, pois era raro alguém saber ler e escrever. Ademais, ainda não existiam rádio, TV, jornal e revista, veículos de comunicação esses que muito contribuem para conservar as características e o sentido de uma língua. Isso pode ter algo a ver com o fato de ora os autores bíblicos usarem espírito, ora, alma.
Reiteramos que na Bíblia, geralmente, espírito e alma são frequentemente sinônimos. Mas vimos também que pode não ser sempre assim.
E parece-nos que Kardec é quem nos fornece a melhor explicação para essas duas palavras. Segundo ele alma é o
espírito encarnado, e espírito é a alma desencarnada. Para Kardec, pois, os dois vocábulos têm o mesmo significado, com diferenças apenas de momento e local, ou seja, de tempo e espaço!
José Reis Chaves
Abril /2015
Recomendo “O Poder Transformador do Cristianismo Primitivo”, Raul Branco, Ed. Teosófica, Brasília (DF), 2009. editorateosofica@editorateosofica.com.br – www.editorateosófica.com.br
raulbranco38@gmail.com
O estudo das obras de Kardec pode indicar exatamente o contrário.
Temos visto alguns companheiros tomarem as obras de Kardec como se, por elas, a Doutrina Espírita estivesse pronta e acabada, enquanto outros acham que pode, sim, haver novas instruções; porém, advogam que essas só poderiam vir de Espíritos Superiores, entendidos os da segunda classe da Escala Espírita.
A nosso ver, ambos os grupos laboram em erro, sem que tenhamos a intenção de denegrir ou desdenhar ninguém, até mesmo porque comungávamos com as ideias do segundo grupo.
Manifestação de Espírito de pessoa viva: é possível em estado de vigília?
O Espiritismo ensina que é possível a manifestação de um Espírito encarnado através de um médium, se ele estiver em um estado alterado de consciência, como no sono.
Porém, recentemente, a possibilidade disso também ocorrer caso o encarnado esteja em estado de vigília se tornou uma questão controversa. Neste artigo, aprofundaremos nas obras básicas da Codificação espírita para descobrir como o tema é nela tratado, e se há maior respaldo doutrinário para essa questão.
Embora exista uma mensagem contida na Revista Espírita que sugere essa possibilidade, nós mostramos que, segundo o Espiritismo, se o encarnado estiver em estado de vigília não pode se afastar do corpo e, portanto, dar manifestação.
Quem garante que nas obras de Kardec tudo foi escrito por ele mesmo?
Um grande amigo evangélico, nos questiona: “Até que me provem o contrário, creio no que está escrito na Bíblia. Por que duvidaria? Você, por exemplo, crê em tudo que está escrito nos livros de Kardec. Certo? Quem pode te garantir que foi tudo escrito por ele mesmo?”
Ótimo questionamento; daí surgiu-nos a ideia de montar este quadro, visando dar uma ideia de como agem os que concordam com os que divulgam as obras de Kardec e os que acreditam no que dizem ser a Bíblia “a Palavra de Deus”:
Vamos iniciar contando uma historinha fictícia e que não alcança, necessariamente, toda a justificativa que os evangélicos dariam para explicar a sua crença na salvação, tratamo-la de forma bem simples apenar para ter um ponto de partida.
Apreensivo, chega o fervoroso crente, junto ao seu líder religioso, e pergunta: “Pastor, saberia me dizer o que acontecerá agora com meu pai, que acaba de morrer: ele irá para o céu ou para o inferno? O Sr. sabe, ele era um criminoso de mão cheia, tendo, em sua vida, cometido vários crimes. Gostaria de saber qual será o destino dele, pois, apesar de tudo o que fez, acreditava em Jesus, tinha uma fé inabalável e nem mesmo o dízimo omitiu em pagá-lo.”. O Pastor pensou um pouco, procurando “acessar”, em sua memória, a “pasta” contendo os seus conhecimentos bíblicos, para dar uma explicação plausível. Passado algum tempo, respondeu: “Meu caríssimo irmão, a Bíblia diz: ‘Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. (Ef 2,8)’”. Portanto, pela palavra de Deus, seu pai irá para o céu, pois tinha fé e a fé é o que nos basta para salvar-nos”. “Amém Pastor!”, respondeu o consulente, mais tranquilo e certo que seu pai estaria já gozando o paraíso.
Sempre nos causou espécie ver passagens bíblicas mencionando o ritual do batismo, em particular a que relata o batismo de Jesus, uma vez que esse rito, conforme sabemos, não fazia parte das práticas religiosas dos hebreus. Assim, não descobrimos por qual motivo que, de uma hora para outra, aparece, na Bíblia, alguém realizando o batismo, porquanto, naquela época, a circuncisão (Lv 12,3) é que era o ritual praticado para a iniciação religiosa. Para nós só existe uma explicação possível para isso. Embora saibamos que ela não agradará aos fundamentalistas, mas, como buscamos a verdade, não nos resta senão a alternativa de deduzir que tal episódio seja fruto de interpolação.
Mais ainda: ficamos convictos dessa possibilidade, quando os próprios textos bíblicos nos levaram justamente a essa hipótese. É o que se verá no desenrolar desse estudo.
A primeira versão publicada deste trabalho provocou algumas violentas reações negativas (por nós já esperadas, aliás) num determinado ambiente cético. Até entendemos, em parte, o motivo da violência das reações, por causa do último argumento, considerado por eles infalível e irrefutável, de crítica moral à Doutrina Espírita e aos espíritas de um modo geral, que agora escapa por entre os dedos. Com a perda do argumento “perfeito” de que o Espiritismo ou Kardec fossem racistas e imorais, o que sobrou então para condenar moralmente a doutrina? Nada! E eles vão precisar voltar a se restringirem ao velho jargão (insustentável do ponto de vista racional) de que “o Espiritismo não seria cientificamente provado e blá blá blá…”. Ou então, claro, persistirem no ridículo de continuar usando um argumento já refutado. Portanto, embora não justificável, é perfeitamente compreensível a violência dos ataques.
Mas, de qualquer forma, decidimos inserir essa introdução no início, que mais não é do que um resumo das conclusões que vamos abaixo desenvolver, para que as pessoas tenham, desde já, uma ideia prévia sobre em que sentido o tema será tratado e a que consequências nos conduzirá, pois algumas pessoas têm criticado o artigo sem lê-lo até o final. A seriedade do tema não permite que ele seja abordado pela metade e com meias palavras e isso invariavelmente nos levou a produzir um artigo um pouco longo, que algumas pessoas, especialmente as que não têm interesse em se instruir, mas apenas garimparem aqui ou ali argumentos ou frases soltas e fora de contexto para atacarem a Doutrina Espírita, não têm tido “paciência” de ler até o final, onde a maioria das objeções ou mesmo acusações que nos fizeram foram devidamente respondidas.