Divergências entre decisões papais mostram que estas são falíveis
Primeiramente, na coluna “A crença na reencarnação é a terceira”, onde está “São Mateus 12: 36”, leia-se “São Mateus 24: 36”. Meu pedido de desculpas aos leitores pelo lapso.
Já fizemos várias matérias sobre a confusa doutrina do Espírito Santo. Aliás, é ele que complica mais a doutrina trinitária e o cristianismo. O Pai e o Filho não eram estranhos ao cristianismo, pois já eram conhecidos desde o tempo dos apóstolos. Apenas a questão da divinização de Jesus no Concílio Ecumênico de Niceia, em 325, é que incomodava e ainda incomoda uma parte dos teólogos cristãos, por mais uma confusão com o politeísmo.
Vamos abordar novas questões sobre o Espírito Santo e reforçar outras que já foram tratadas em outras colunas e, pois, já conhecidas de meus leitores, mas não dos novos assinantes de O TEMPO e dos que o compram agora nas bancas de jornais e revistas. Ademais, por se tratar de uma doutrina cristã milenar, divulgada à saciedade pela Igreja e por demais igrejas cristãs, ela está muito agarrada na mente dos fiéis cristãos, que ficam em dúvida sobre qualquer ideia diferente que surja sobre ela. Algo que consideramos normal exatamente pela antiguidade da doutrina e do esforço hercúleo dos teólogos para divulgá-la e mantê-la firme entre os fiéis, pois sabem que ela é mesmo polêmica.
Eles até dizem muito que se trata de um mistério de Deus, quando, na verdade, é um mistério deles mesmos, já que eles é que criaram e mantêm tal doutrina, que devemos respeitar, mas que, por ser errada, deve ser corrigida.
Há uma tradição no cristianismo de considerar como verdadeiras todas as ideias doutrinárias dos seus primeiros teólogos, com o argumento de que, se foram apoiadas pelos papas e bispos em concílios ecumênicos, é porque eles foram inspirados pelo Espírito Santo, nesse caso, visto como Deus.
Devemos respeitar muito as decisões dos papas e dos bispos em concílios, sim. Mas eles não eram nem são infalíveis – somente Deus o é. E as divergências entre eles confirmam a verdade do que estamos dizendo. Além disso, como já deixamos transparecer, os teólogos de hoje têm que saber mais teologia do que os antigos por causa do progresso e amadurecimento das ideias teológicas de hoje, inclusive no entendimento da Bíblia.
Por que, pois, prender-se tanto à teologia cristã do longínquo passado? Não poderia isso ser fruto do orgulho e do apego exagerado do eu inferior dos teólogos posteriores aos antigos? É que, me arrisco dizer, se eles aceitarem que os teólogos antigos não foram inspirados pelo Deus, Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária, eles de hoje também não o serão, o que parece mesmo coisa do ego ou eu inferior deles!