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A seriedade das mensagens mediúnicas

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À Produção do Programa Linha Direta da Rede Globo de Televisão

Estou acompanhando a enquete que vocês estão fazendo, por sinal muito oportuna, acerca de um assunto que sempre foi tratado com um certo deboche, por parte da imprensa brasileira, mas que a Globo ultimamente vem tratando com seriedade e com o respeito que merece, abordando temas que envolvem a mediunidade e o Espiritismo em vários programas dessa série, motivo pela qual lhes escrevo este E-mail.

Estou acompanhando o andamento da votação do público que neste momento que estou escrevendo o E-mail, às 23h de sábado, dia 10 de junho, observo que a metade do povo brasileiro, que acompanha o programa e está sabendo da enquete, se diz a favor do uso em tribunais de cartas psicografadas por médiuns, conforme esta proposta abaixo e atendendo a coisa da forma como vocês redigiram no site www.redeglobo.com.br/linhadireta

Na semana passada, uma mulher acusada de encomendar o assassinato de seu amante foi absolvida na cidade de Viamão (RS) depois que seu advogado apresentou, durante julgamento, uma psicografia. Na carta, o suposto espírito do amante dizia que a acusada não teve envolvimento no crime. “Linha Direta Justiça” mostrou casos semelhantes em 2004. Nos anos 70, cartas do médium Chico Xavier ajudaram a absolver acusados de assassinato. Você é a favor do uso em tribunais de cartas psicografadas por médiuns?

Para nós espíritas não é surpresa nenhuma saber que metade, ou mais, da população brasileira acredita na comunicação dos que são chamados “mortos” com o tal mundo dos “vivos”. A própria Globo, através de um Globo Repórter realizado em 1998 fez uma enquete, no ar, ao vivo, e mostrou ao Brasil mais de 80% da população brasileira dizer que acredita na reencarnação e na comunicação mediúnica.

Todavia, sobre a enquete que vocês estão fazendo agora, vale informar que nem todo espírita vai votar SIM no site de vocês, ao responder esta pergunta, da maneira como ela está formulada.

É claro que compreendemos que a produção não tem a obrigação de conhecer os detalhes e a profundidade de questões como esta, porque isto é assunto que requer estudo, pesquisa, experimentação, muito critério e responsabilidade, assunto que tem interessado mais especificamente a uma restrita camada da população, no caso a que estuda o Espiritismo.

O grande problema, caros amigos, é que esta questão vem sendo vista pelas pessoas, sobretudo as que não a conhecem bem, como assunto religioso e como coisa de fé. Acreditar ou não acreditar.

Imaginam as pessoas que pensam por esta linha, apenas com visão religiosa, que os espíritas se reúnem em volta de uma mesa (branca), fecham os olhos, começam a “rezar” e de repente começa a aparecer um monte de espíritos, “incorporando” em médiuns, dizem um monte de coisas, alguns escrevem algumas coisas pelos psicógrafos e pronto. Todo mundo diz amém, aceita, acredita, passa a obedecer possíveis ordens que alguns possam dar e seguir cegamente algumas orientações que outros possam também dar.

Não é nada disto. Na realidade o intercâmbio mediúnico é algo muito mais sério do que se pode imaginar. Os espíritas sérios, que entendem verdadeiramente o que é o Espiritismo, por incrível
que pareça, são recomendados a serem mais céticos do que o próprio padre Quevedo, acerca
de comunicações mediúnicas.

É verdade, é isto mesmo!
Gente, os espíritas são tão chatos, quanto a isto, que chegam até a exagerar, tendo como base uma orientação básica da doutrina que diz: “Em dez comunicações, é preferível recusar nove verdades do que aceitar uma mentira”.

Há até discordâncias, entre determinados segmentos espíritas, porque alguns, na prática desse exagero, chegam a ponto de quererem fazer o Espiritismo sem espíritos, portanto sem reuniões mediúnicas, o que, ao nosso ver, pessoalmente, é um absurdo.

Mas sabemos bem que a preocupação é exatamente a de não deixar que ocorram exageros, fraudes, comunicações supostamente mediúnicas que terminam causando mais mal do que bem.

É por isto que digo, amigos: nem todos os espíritas responderão apenas sim, diante de uma pergunta dessa. Não há dúvida alguma de que concordamos que uma comunicação mediúnica possa sim ser utilizada por um tribunal de justiça terrena. Mas na condição de levar a mensagem sob os mais rigorosos crivos recomendados pelo autêntico Espiritismo.

Temos muitos aspectos a serem considerados aí nesse crivo que eu cito. Imaginem vocês se, por exemplo, os malandros e espertalhões advogados da assassina Suzane Von Richthofen resolvem anexar aos autos do processo uma mensagem supostamente mediúnica, recebida por um médium qualquer, sob a alegação de que era de autoria dos seus pais assassinados, e que esta mensagem trouxesse este conteúdo:

“Senhor Juiz:
Em princípio rogamos a Deus para iluminar a sua mente e a de todos os jurados neste processo em que a nossa querida filha está envolvida. (e diria neste espaço daqui um monte de coisas puxando bem o saco do juiz). Estamos sofrendo muito em ver a maneira equivocada como a sociedade brasileira e parte da imprensa está tratando esse caso, transformando em assassina uma jovem tão meiga e carinhosa como é a nossa filha, que sempre nos tratou com toda consideração e afeto, sem jamais alimentar qualquer ideia de assassinar um ser humano. Ela não tem qualquer responsabilidade neste crime. Fora vítima de mentes perversas que a induziram a acreditar em intenções maléficas. É preciso que todos entendam que havia chegado o nosso último dia de compromissos na existência terrena, e que teríamos que retornar juntos à Pátria Espiritual, fosse qual fosse a forma da morte. Rogamos, para o nosso descanso em paz, que a nossa filhinha querida não seja punida e possa viver em liberdade a fim de continuar os seus estudos e prosseguir na sua vida, que tanto tem pela frente.”

Que Deus vos abençoe.
Manfred e Marisa Von Richthofen

Se a Justiça aceitasse uma coisa desta, ela seria tão idiota como idiota é uma justiça que deixa soltos os ladrões dos mensalões e das CPIs de Brasília. Muitos aspectos teriam que ser analisados: Quem é o médium? Qual o seu histórico de vida, de moralidade, de dignidade e de coerência no exercício da mediunidade? Em que centro espírita esta mensagem foi recebida? Quando e na testemunha de quais pessoas? O conteúdo da mensagem tem a ver com o estilo e a forma como se expressavam Manfred e Marisa em vida?

Ouçamos os parentes, o irmão dela e as pessoas que conviviam com a família e perguntemos se de fato os seus pais a consideravam mesmo como uma “filhinha” meiga e carinhosa, que as tratava com atenção e afeto.

Enfim, amigos. No Espiritismo sério, como deve ser, a coisa funciona assim, com um rigor fora do comum. Para ser aceita uma mensagem mediúnica não é fácil.

É exatamente por causa desse rigor, dessa exigência e dessa seriedade que, geralmente, nos mais notáveis centros espíritas não costumam aparecer espíritos malandros e enganadores para passar mensagens falsas, uma vez que eles sabem que ali está todo mundo de olhos bem abertos. É como se fossem marginais, aqui na terra, que tivessem vontade de encostar em determinado local, para assaltar alguém e de repente percebessem a presença de policiais com viaturas, cachorros e muita arma. Eles se aproximariam? Claro que não, iriam procurar outro local onde pudessem ficar a vontade, sem correrem perigo.

Para finalizar, informo aos respeitáveis amigos do “Linha Direta” como os espíritas, que de fato praticam o Espiritismo sério, responderiam essa pergunta: Se a pergunta for simplesmente como está aí, a resposta é não. Mas se considerarmos os cuidados, a seriedade, a ética, a responsabilidade e os critérios que citei aqui, sem dúvida alguma, a resposta é sim, porque nós espíritas não apenas achamos, acreditamos ou temos fé em que os “mortos” se comunicam conosco, nós temos certeza absoluta.

Com um forte abraço e votos de muito sucesso ao programa, agradeço pela atenção dispensada.

Alamar Carvalho
Alamar Carvalho
✝︎ Desencarnou aos 65 anos, em 29/02/2019. Analista de Sistemas, Escritor, professor, Diretor de TV e Ator. Consultor de empresa na área tecnológica de comunicações e informática.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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