Em linhas gerais, sem descer a argumentos pormenorizados, é fácil verificar o flagrante desacordo entre Espiritismo e Panteísmo. Basta que se leia, por exemplo, uma objeção de Allan Kardec, objeção simples, sem subtilezas filosóficas, mas inegavelmente muito lógica. Diz Allan Kardec, em Obras Póstumas, no capítulo que se refere às cinco alternativas da humanidade: Sem a individualidade e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse. As consequências morais desta doutrina, isto é, o Panteísmo, são exatamente as mesmas que as da doutrina materialista. São palavras de Allan Kardec. Ora, o Espiritismo afirma que a nossa alma, mesmo depois de desencarnada, não perde a sua individualidade, não deixa de ser ela mesma, não se extingue, não se confunde com outra alma. Sem este princípio, é claro, não seria possível explicar a responsabilidade após a morte; segundo o panteísmo, entretanto, a individualidade da alma desaparece com a morte, porque ela se funde no Todo universal, na alma comum. Neste caso, se a alma desaparece, deixa de ser individual, porque volta à fonte comum, que é a alma universal, onde fica a lei da responsabilidade? Como é possível, diante disto, admitir que haja sanções após a morte, se desaparece completamente a individualidade da alma? Já se vê que entre o Espiritismo e o Panteísmo há divergência profunda. Dizer, portanto, como se disse há pouco, que o Espiritismo é uma revivescência do Panteísmo oriental, é falsear a realidade ou revelar absoluta falta de conhecimento da doutrina espírita.
Por Deolindo Amorim