Tudo que Deus cria é sempre bom, pois é com amor infinito tudo que Ele faz. E é, também, por isso que tudo que procede Dele dá certo. Ele nos deu o livre-arbítrio que, sem dúvida, só pode ser um bem para nós, o que de fato percebemos de um modo muito claro e convincente. E assim, sabemos que Deus jamais nos dotaria de um mal. Se o mal existe em nós, portanto, é criação nossa, ou seja, de nosso citado livre-arbítrio.
Kardec, que Léons Dénis, da Academia Francesa, chamou de “o bom senso encarnado”, orientado por espíritos bons e iluminados, nos ensinou uma grande verdade: a de que nós fomos criados simples e ignorando tudo, mas que evoluímos com nossa inteligência. E, assim, vamos aprendendo o que é certo e o que é errado. Então, a nossa opção pela prática do mal, em vez de ser para a prática do bem, é de nossa inteira responsabilidade.
Está, pois, errado quem pensa que, se o mal que fazemos é proveniente de nosso livre-arbítrio, então Deus poderia ter uma certa culpa pelos males que fazemos, pois foi Ele que nos criou com esse livre-arbítrio. Não, não é bem assim. Deus não tem nenhuma responsabilidade pelos males que fazemos oriundos da nossa vontade ou livre-arbítrio, pois, junto com esse grande bem, Deus nos deu, ao mesmo tempo, a capacidade de sabermos o que é o bem que devemos fazer e o que é o mal que devemos evitar.
É por isso que as crianças, antes de seus 7 anos, são consideradas sem culpa pelos erros que cometem, pois ainda não sabem bem distinguir o que é certo do que é errado. Mas, à proporção que elas vão crescendo, vão evoluindo e aprendendo a distinguir o certo ou moral do que é errado ou imoral.
Diante dessas questões relacionadas com o nosso livre-arbítrio, sobre as quais já falamos que Deus não tem culpa nenhuma por nossos erros cometidos; por Ele nos ter dado esse livre-arbítrio que nos dá a liberdade para pecarmos, é verdade.
Mas refletindo mais sobre o assunto, se pelo nosso livre-arbítrio podemos cometer um pecado grave, pelo qual poderíamos ser condenados ao inferno de terríveis sofrimentos e para sempre – como Dante Alighiere (século XIII) ensinou em sua famosa obra poética “Divina Comedia”, na época apoiada pela Igreja, ainda pouco evoluída –, poderíamos pensar que seria melhor para nós não termos esse tal de livre-arbítrio. Ele nos beneficia por um tempo, mas, como vimos, poderia ser causa de um sofrimento sem fim para nós, e, assim, poderíamos concluir que Deus errou grandemente, criando-nos com esse tal de livre-arbítrio? Não, os teólogos cristãos é que erraram, criando doutrinas errôneas dantescas e vingativas em nome de Deus!