Uma lei divina criada e usada por nós mesmos

A regra de causa e efeito ou cármica e o livre-arbítrio

Esta lei divina moral de causa e efeito ou cármica é criada e usada por nós mesmos, pois depende do nosso livre-arbítrio, por praticarmos ações que lhe dão origem. É por isso que ela é divina, mas é também humana.

Aliás, Deus criou o nosso livre-arbítrio para ser respeitado na prática do bem ou do mal. Realmente, foi para isso que Deus o concedeu a cada um de nós; mas nós ficamos responsáveis pelo que fizermos por decisão do nosso livre-arbítrio, uma das características do ser humano.

Quando a Bíblia diz que nós somos deuses (Salmo 82: 6 e João 10:34) e que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, é exatamente porque temos inteligência para saber o que é moralmente certo ou errado e, com o nosso livre-arbítrio, tomar a liberdade de optar pela prática do bem ou do mal – tendo nós as consequências boas, para a prática do bem, e as más, quando optamos pela prática do mal.

Cabe aqui um esclarecimento sobre termos sido criados à imagem e semelhança de Deus. A nossa semelhança com Deus, como espíritos que somos, já ocorreu pelo fato de sermos espíritos, no momento, encarnados ou desencarnados, pois temos inteligência, que é uma característica do espírito diante da matéria que não a possui. E uma diferença marcante entre nós e Deus é o fato de Deus ser um espírito incriado e sempiterno, ou seja, sem fim e que sempre existiu.

Observe que usei a palavra “sempiterno” (tempo sem fim), no hebraico, “olam”; no grego, “aionius”; e no latim, “sempiternus”; mas, na verdade, não são elas que estão nos originais da Bíblia. Então, sintetizando o assunto, fiquemos só no latim: “eternus” traduzido por eterno como tempo sem fim no português e em outras línguas está errado.

Meus leitores desta coluna de O TEMPO já sabem disso. Mas, em atenção aos leitores novos, para ficar bem clara essa questão, repetimos que não existe nos originais da Bíblia a ideia de tempo sem fim, tão mencionada quando se fala sobre as penas do inferno sem fim que lhe foram atribuídas pelos teólogos cristãos com o decorrer dos tempos.

Aliás, a própria palavra “eternidade” na Bíblia é de tempo limitado, pois há várias delas (Salmo 90: 2); tempo este de sofrimentos que, se fosse sem fim, seria incompatível com a misericórdia infinita de Deus e de seu amor, também infinito para com suas criaturas, principalmente o homem. São Gregório Nazianzeno, no início do cristianismo, já condenava essa ideia de um tempo sem fim para o inferno.

E o próprio Jesus deixou claro como funciona essa lei moral de causa e efeito ao ensinar-nos que todos pagarão tudo até o último centavo (são Mateus 5: 26). Ora, quando pagarmos o último centavo, não vamos pagar mais nada!

Artigo publicado no jornal O Tempo em 16/12/2024
PS: (*) Com este colunista “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs no YouTube e Facebook. Seus livros estão também na Amazon, inclusive, os em Inglês. E a tradução da Bíblia, NT. Contato Cássia e Cléia contato@editorachicoxavier.com.br

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.