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A Lição II

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Acreditamos que alguns dos nossos leitores possam ter ficado curiosos para saber o que aconteceu com o nosso pai, depois da internação e da lição que dele recebemos naquela oportunidade.

Bem, graças a Deus ainda não foi desta vez que ele foi chamado pelo Criador. Voltou para casa bem melhor. Mas algo que ocorreu depois é que o deixou muito preocupado. Foi a visita de um pastor. Este religioso chegando à casa de nosso pai, foi bem recebido como era de se esperar, entretanto, pensávamos se tratar de uma visita social, em virtude do delicado estado de saúde dele. Não foi. Pela conversa do pastor, ele mais estava querendo “salvar uma alma” do que fazer uma visita social. Assim é que, à queima roupa, disse a nosso pai: “Para você se salvar é necessário que aceite Jesus”. Explica ainda que quem não “aceita Jesus” vai para o inferno (se tivesse lido nosso texto anterior não teria perdido o seu tempo), etc.

E, a certa altura, pede para fazer uma prece para a qual solicitou de nosso pai o acompanhamento. Meio constrangido, o nosso velho, movia os lábios querendo acompanhar o pastor, com algum esforço devido ao seu estado de saúde. Pouco tempo depois o pastor se despede, deixando para traz o nosso pai, agora certo de que iria morrer mesmo.

Faltou bom senso a esse pastor para perceber que no estado que nosso pai estava, falar de salvação seria o mesmo que dizer que ele estava à beira da morte, quem sabe já às portas do inferno. Nosso pai ficou tão preocupado com o que disse seu “visitante” que nem conseguiu dormir àquela noite (Medo de acordar morto?). Passou a pensar que realmente o seu caso era mesmo grave, pois após a visita de um pastor, só faltava agora vir um padre para dar a extrema-unção.

Confessamos que ficamos indignados com aquele tipo de visita por dois motivos. Primeiro, é que o pastor deixou uma pessoa de saúde debilitada mais preocupada do que deveria estar, fazendo o contrário do que nós os filhos estávamos tentando fazer, ou seja, tirar a ideia de que estava para morrer. Segundo, e aqui devemos ressaltar a tolerância de nosso pai que para nós é uma outra lição que recebemos, já que nós teríamos explodido com esse religioso, usando a nossa característica de “tolerância zero”, não admitimos em hipótese alguma alguém vir à nossa casa para pregar a sua religião, já que consideramos que com isso estão querendo nos dizer que somos tão imbecis que nem a nossa religião sabemos escolher.

Não sei de onde tiram essas ideias, pois não vimos Jesus em momento algum querer impor sua religião a quem quer que seja. Por outro lado, questionamos esse pensamento do pastor “que para se salvar basta aceitar Jesus”. Se a coisa é tão simples assim, os maiores criminosos poderão aceitar Jesus no último minuto de suas vidas e com isso obterem o paraíso. Isso é um completo absurdo, pois qual seria o sentido para as outras pessoas que passassem a vida inteira fazendo o bem ao próximo se no final acabariam tendo o mesmo destino dos que durante toda a sua vida fizeram o mal e foram salvos no último minuto?

A pregação de Jesus foi: “a cada um segundo suas obras” não há como fugir disso. Só que muitos preferem ficar com João, Pedro ou Paulo do que com Jesus. Vemos é que alguns discípulos colocam algo contrário ao Mestre, já que Jesus nunca se posicionou desta maneira. A parábola do bom samaritano, conhecida de todos nós, é o maior atestado disso. É dele o exemplo que Jesus nos manda seguir. Temos plena convicção de que “não irá perecer nenhum destes pequeninos” e para que isso se cumpra “é necessário nascer de novo” (Reencarnação).

Julho/2003

Paulo Neto
Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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