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Todos nós seremos salvos?

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Deus é amor… (1Jo 4,16)

Apesar do equívoco dos teólogos que sempre dizem que somente os adeptos de sua religião irão salvar-se, acreditamos que sim, ou seja, todos nós seremos salvos. Algumas passagens bíblicas deixam isso evidente aos que querem ver. Vejamo-las:

Mt 5,43-48: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.”

Se o Pai, que está no céu, faz nascer o sol sobre maus e bons e chover sobre justos e injustos é porque não estabelece qualquer tipo de discriminação entre as pessoas. Exato, pois “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34). Certamente, seremos responsabilizados pelos nossos atos uma vez que “a cada um segundo suas obras” (Mt 16,27). Entretanto, como “Deus é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno” (Sl 103,8), consequentemente Ele “não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira” (Sl 103,9), daí Ele “não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades” (Sl 103,10), podemos esperar seu amor agindo a nosso favor, dando-nos oportunidades de progresso espiritual. Se Ele nos recomenda amar até mesmo os inimigos, como poderá agir de forma contrária?

Mt 7,7-11: “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. Quem de vocês dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem.”

Essa comparação de Jesus é o tiro de misericórdia para matar de vez a ideia de pena no inferno eterno, pois obviamente Deus, sendo um Pai infinitamente muito melhor que nós, não daria algo ruim a um de seus filhos. Quer coisa pior que “assar” eternamente no inferno, sem possibilidade de recuperação, nós que ainda somos crianças, espiritualmente falando? Aonde a justiça de formos condenados com pena superior ao tempo que gastamos para infringir a lei? Isso é tão absurdo que ficamos boquiabertos diante daqueles que admitem tal barbaridade.

Mt 21,28-32: “O que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao mais velho, e disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois arrependeu-se, e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho, e disse a mesma coisa. Esse respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O filho mais velho.” Então Jesus lhes disse: “Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu. Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça, e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para acreditar nele.”

Imagine que nessa parábola de Jesus esse filho que não atende prontamente o Pai sejamos nós, o que não seria ilógico afirmar. Devemos observar que, na sequência, ele acaba por ir trabalhar, significando, que também nós ainda faremos o mesmo, várias oportunidades nos serão dadas, não diferente do que aconteceu com os trabalhadores da última hora, que, mesmo quase ao final do dia, ainda se entregaram ao trabalho, porquanto foram também chamados (Mt 20,1-16).

É tempo de os teólogos reformularem seus conceitos de justiça divina, para abraçar o conceito baseado numa visão cósmica das coisas, de modo a não amesquinharem a Deus como o fazem com suas interpretações, para vê-Lo, não como um Deus tribal, mas como o Criador do Universo. Somente assim é que poderão vislumbrar um Deus de amor, cuja justiça, mesmo escapando à nossa compreensão, não é pior que a justiça humana, que, apesar de colocar os infratores da lei em cadeias, dá plena chance de recuperação a todos, de forma a que possam voltar ao convívio social, após terem pago pelo seus erros.

 

Paulo da Silva Neto Sobrinho
Dez/2006.

Paulo Neto
Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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